Brasil Anuncia Novo Plano Nacional para Estímulo à Inteligência Artificial

O presidente Lula deve anunciar um novo plano nacional focado em impulsionar a pesquisa em inteligência artificial (IA) no Brasil.

O Ministério da Ciência e Tecnologia anunciou um investimento de R$ 23 bilhões até 2028 no Plano Nacional de Inteligência Artificial, revelado nesta terça-feira.

Antes de ser implementado, o plano necessita da validação do Palácio do Planalto.

Os investimentos incluem a criação de uma infraestrutura local, com destaque para a construção de um “supercomputador”, além de incentivos destinados à indústria brasileira de IA.

O plano destina R$ 12,72 bilhões em crédito (via BNDES, Finep e outras instituições), R$ 8,47 bilhões em gastos públicos e mais de R$ 1 bilhão em investimentos privados.

Intitulado Plano IA para o Bem de Todos, o documento foi entregue ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante a quinta edição da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação.

O texto recebeu aprovação do Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CCT), órgão consultivo da Presidência, na segunda-feira.

O plano inclui a construção de um supercomputador para atender à crescente demanda na área de pesquisa, conforme confirmado por Sergio Rezende, físico e secretário-geral da Conferência Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (CNCTI).

O evento é uma iniciativa governamental para desenvolver políticas públicas e projetos de longo prazo para o setor.

Rezende, que foi ministro da Ciência e Tecnologia entre 2005 e 2010, destacou a necessidade de um supercomputador moderno para suportar as aplicações avançadas de IA que demandam grande capacidade de processamento, atualmente indisponível no país.

O novo equipamento deve ser instalado no Laboratório Nacional de Computação Científica (LNCC), em Petrópolis, e operará em um modelo aberto a parcerias, similar ao do Sirius, o laboratório de partículas em Campinas.

Parcerias Público-Privadas e Inovação

A proposta do governo é que o supercomputador não apenas atenda às demandas dos centros de pesquisa, mas também seja acessível para empresas, fomentando um ambiente de inovação e desenvolvimento.

Essa abordagem é vista como essencial para atrair e reter talentos na área de IA, setor no qual o Brasil enfrenta uma significativa fuga de cérebros devido à falta de infraestrutura e oportunidades de pesquisa.

Desafios e Perspectivas para o Brasil

Segundo o secretário executivo do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Luis Fernandes, o plano responde a uma demanda da Academia Brasileira de Ciências (ABC), que apontou o atraso do Brasil em pesquisas de IA.

O país enfrenta desafios, como a necessidade de treinamento de recursos humanos e criação de condições para manter esses profissionais em território nacional.

O treinamento de grandes modelos de linguagem, como ChatGPT e Gemini, exige uma enorme capacidade de processamento e consumo de energia, algo que atualmente apenas grandes players globais conseguem prover.

Diferente de países como EUA e China, o Brasil não possui polos avançados de pesquisa em tecnologia da informação (TI) e uma cultura empresarial fortemente voltada para a inovação.

Investimentos e Futuro

Rezende revelou que o projeto será financiado principalmente pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), com previsão de um orçamento de R$ 12 bilhões para o ano, sem cortes.

O governo espera que o novo supercomputador desempenhe um papel similar ao do Sirius, que se tornou um símbolo de avanço científico durante o segundo mandato de Lula.

Virgilio Almeida, um dos autores do relatório da ABC e colaborador no plano, enfatiza a necessidade de um planejamento cuidadoso e estabilidade nos investimentos em pesquisa e desenvolvimento para que o Brasil possa competir na economia global da IA.

A perspectiva é de que, com essas medidas, o país consiga, a longo prazo, se posicionar melhor no cenário internacional de inovação tecnológica.

Para mais informações, consulte o site do MCTI.


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